Estudo considerou trabalho remunerado e domésticas
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Um estudo apontou que as mulheres trabalham até 10 horas mais que os homens. Em meio à dupla jornada de empregos remunerados e afazeres domésticos, elas acabam ganhando o equivalente a apenas 32% da renda média deles por hora. Esses números consideram uma média mundial e mostram como o cenário de desigualdade de gênero no trabalho se reflete em países de todas as regiões do globo. O cenário é bem parecido com o já apontado por pesquisas no Brasil.
Os dados são da terceira edição do Relatório Mundial sobre a Desigualdade 2026, elaborado por um grupo de pesquisadores da rede World Inequality Lab, liderado pelo economista francês Thomas Piketty.
O estudo buscou observar não só a carga horária e os rendimentos do que os pesquisadores chamaram de trabalhos econômicos, mas também considerou as tarefas domésticas e de cuidado com crianças e idosos, que tendem a recair mais sobre as mulheres e muitas vezes não são remuneradas.
Levando em conta apenas o trabalho não remunerado, as mulheres ganham 61% da renda por hora dos homens. O estudo destaca que as responsabilidades desproporcionais com os cuidados de casa acabam restringindo as oportunidades de carreira das mulheres no mercado de trabalho, além de limitar sua participação política e dificultar a acumulação de riqueza.
Dessa forma, o trabalho de metade da população é subvalorizado e as economias desses países enfraquecem sua capacidade de crescimento e resiliência, assinalam os pesquisadores ao retratar uma realidade que deixa as mulheres mais distantes de posições de liderança e poder.
Desigualdade de gênero pelo mundo
Ao observar a renda total do trabalho no mundo, as mulheres detêm apenas pouco mais de um quarto do total, número que quase não mudou muito desde 1990.
Enquanto Europa, América do Norte, Oceania e América Latina tiveram avanços mais visíveis nos últimos anos, chegando a uma participação feminina de 40% na renda total nas três primeiras regiões e 36% na última. Já na Ásia Oriental essa porcentagem de renda das mulheres chegou a diminuir, para 34%.
Rússia e Ásia Central também estão entre as regiões com melhor desempenho, mas, ainda assim, a renda das mulheres veio oscilando ao longo das últimas décadas e em 2025 não chega nem a 50% do total, ficando apenas em 37%.
O Oriente Médio e Norte da África são as áreas com os piores números, onde a participação das mulheres da renda total é de apenas 16%. Já no Sul e Sudeste da Ásia, é de 20%, enquanto na África Subsaariana é de 28%, e no Leste Asiático, 34%.

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