Especialistas reforçam que o consumo de açúcar deve ser evitado até os 2 anos; OMS aponta impactos graves no crescimento infantil
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A relação entre o consumo precoce de açúcar e os riscos à saúde infantil voltou ao centro dos debates entre profissionais da pediatria e entidades de saúde. Estudos recentes reforçados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que a ingestão de açúcares livres antes dos cinco anos de idade pode comprometer o desenvolvimento adequado da criança e aumentar a predisposição a doenças crônicas na vida adulta, como obesidade, diabetes e distúrbios metabólicos.
Para especialistas, o alerta deve ser ainda mais rigoroso nos primeiros dois anos de vida, fase em que o paladar e o metabolismo estão em formação e são altamente influenciados pelos alimentos oferecidos pelos pais.
Segundo o médico Iago Vinícius Gonçalves, coordenador da pediatria do Hospital Mater Dei Goiânia, os danos vão muito além do risco imediato de cáries.
“A introdução precoce do açúcar pode aumentar o risco de sobrepeso, alterar o metabolismo, prejudicar a saúde bucal e substituir alimentos nutritivos por calorias vazias”, explica.
Ele reforça que uma dieta regulada contribui para o equilíbrio do apetite, melhor formação do paladar e menor risco de obesidade na infância.
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) recomenda zero açúcar até os dois anos – incluindo mel, achocolatados, sucos adoçados, balas, biscoitos, bolos e outras preparações industrializadas. O Ministério da Saúde segue a mesma linha, destacando que nenhum tipo de açúcar deve ser adicionado a frutas, bebidas ou receitas destinadas a bebês nessa faixa etária.
Num cenário em que alimentos ultraprocessados se tornaram acessíveis e comuns na rotina das famílias, médicos ressaltam que o desafio é cada vez maior. “Esses produtos são feitos para serem irresistíveis, principalmente para crianças. Isso facilita exageros e cria hábitos difíceis de reverter”, destaca Iago.
Os doces mais prejudiciais
Para a endocrinologista pediátrica Sarah Conchon Costa, do Einstein Goiânia, algumas categorias de doces são especialmente nocivas, pois combinam açúcar com aditivos químicos, corantes e gorduras ruins.
Ela destaca como mais prejudiciais:
- Refrigerantes e sucos industrializados – muito açúcar, aditivos, baixo valor nutritivo e zero saciedade.
- Balas, pirulitos e chicletes comuns – açúcar puro, sem nutrientes.
- Biscoitos e bolachas recheadas – mistura de açúcar, gordura e aditivos.
- Chocolates ao leite ultraprocessados – combinação de açúcar e gordura hidrogenada.
Sarah explica que até mesmo doces caseiros são menos agressivos apenas por não conterem aditivos, mas continua valendo a regra: açúcar é proibido para menores de dois anos.
“É fundamental evitar ultraprocessados, priorizar alimentos naturais, manter refeições regulares e, acima de tudo, não usar doces como recompensa. Sucos podem ser substituídos pela fruta inteira, que oferece fibras e vitaminas”, reforça.
O alerta de especialistas e órgãos de saúde busca conscientizar famílias sobre os impactos de hábitos alimentares ainda na infância – impactos que acompanham o indivíduo por toda a vida.

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