Aplicação das provas em 51 unidades penais posiciona o Estado entre os líderes nacionais em inclusão educacional no sistema prisional.
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O Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), iniciou nesta segunda-feira (16) a aplicação das provas do Exame Nacional do Ensino Médio para Pessoas Privadas de Liberdade (Enem PPL) 2025 em 51 unidades do sistema prisional. Ao todo, 6.069 custodiados participam da iniciativa, número que representa um crescimento superior a 10% em relação ao ano anterior, quando foram registradas 5.017 inscrições.
O resultado consolida o Pará como um dos estados com maior adesão ao Enem PPL no país, reafirmando o compromisso do governo estadual com políticas de reinserção social por meio da educação.
Oportunidade de transformação
Para os custodiados, a participação no Enem PPL vai além de uma avaliação acadêmica e representa a possibilidade de reconstrução de projetos de vida. Adriano Rangel, de 36 anos, custodiado na Unidade de Custódia e Reinserção (UCR) de Marituba I, relata sua trajetória de superação após retomar os estudos e concluir o ensino médio.
“Entrei como um criminoso, mas estarei saindo daqui graduado, formado e com uma mudança de vida. Com certeza vou cuidar da minha família e voltar ao seio da sociedade como um cidadão”, afirma.
Ele também destaca o papel do Estado na promoção de oportunidades educacionais dentro do sistema prisional. “Independentemente da situação que estamos passando, o Estado está nos proporcionando essa oportunidade para mudarmos de vida. A educação transforma vidas e sonhos”, reforça.
Educação como eixo central da reinserção
A política de ampliação da educação prisional no Pará é coordenada pela Diretoria de Reinserção Social (DRS) da Seap. Segundo o diretor Valber Duarte, o acesso ao ensino é fundamental para romper ciclos de exclusão social.
“O Governo do Estado, por meio da Seap, tem desenvolvido um trabalho intenso de reinserção social pela educação, com o objetivo de devolver essas pessoas à sociedade com uma nova perspectiva de vida”, destaca.
Para ele, investir em educação no sistema prisional representa uma mudança de paradigma que gera benefícios para toda a sociedade. “A educação faz a pessoa repensar sua trajetória e retornar transformada. O Pará se destaca nacionalmente nesse processo, fruto do esforço da gestão e das equipes da Seap”, completa.
Meta superada e novos investimentos
A edição 2025 do Enem PPL superou a meta de 5.568 inscrições estipulada pela Seap. A coordenadora de Educação Prisional, Patrícia Sales, comemorou o recorde de participantes e adiantou os próximos passos.
“Conseguimos alcançar 6.069 inscritos e já estamos nos preparando para o próximo ano. O objetivo é ampliar o acesso ao ensino superior para esses participantes”, afirma.
Entre as estratégias para 2026 está a expansão de cursinhos preparatórios com videoaulas, viabilizados por equipamentos fornecidos pela Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen) e pela parceria com a TV Cultura do Pará. Televisores serão utilizados para a transmissão de aulas voltadas ao Enem, ampliando o acesso ao conteúdo educacional.
Histórias que inspiram
Outro exemplo de superação é o de Edmilton Rodrigues de Sousa, de 46 anos, custodiado na UCR de Marituba. Após mais de 12 anos afastado da escola, ele concluiu o ensino fundamental e médio e agora sonha em cursar uma graduação em Química.
“Estou tendo uma oportunidade maravilhosa ao participar do Enem. A expectativa é positiva, estou preparado para a prova e quero alcançar um bom resultado”, afirma.
Ele ressalta que a educação representa um recomeço. “Aprendemos que a educação é o caminho para um futuro melhor. A vida ensina, e o sistema ainda nos oferece essa chance”, conclui.
Distribuição dos participantes
Das 54 unidades penais do Pará, 51 aplicam as provas do Enem PPL 2025. A Unidade de Reinserção de Regime Semiaberto (URSS) de Santa Izabel lidera em número de participantes, com 635 inscritos. O Complexo Penitenciário de Marituba (UCR I, II e III) aparece em seguida, com 458 participantes.
Outros destaques incluem Paragominas, com 342 inscritos; Santarém, com 274; a UCR Feminina de Ananindeua, com 234 mulheres participantes; e os Escritórios Sociais, que contabilizam 200 inscritos.
(Agência Pará)

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