Estranho: IML libera corpo de trabalhador morto em siderúrgica, mas pega de volta em Marabá

Conforme as informações apuradas, a morte teria ocorrido por asfixia causada por um gás, sendo que a vítima teria sido encontrada já sem vida no local.

Divulgação 

Na tarde deste domingo (28/12), o trabalhador da Âncora Siderúrgica Norte, identificado como Edio Cruz Brito, morreu após um suposto acidente de trabalho, ocorrido por volta das 14h, em Marabá, no sudeste do Pará. Conforme as informações apuradas, a morte teria ocorrido por asfixia causada por um gás, sendo que a vítima teria sido encontrada já sem vida no local, em Marabá, no Pará.

Ainda segundo os relatos, mesmo com o trabalhador já sem sinais vitais, o corpo teria sido retirado da área do ocorrido e encaminhado a uma unidade hospitalar. No hospital, foi constatado que a vítima já chegou em óbito, e o corpo acabou sendo direcionado ao Instituto Médico Legal (IML) de Marabá, vinculado ao Centro de Perícias Científicas Renato Chaves, onde passou por procedimentos periciais e chegou a ser liberado para a funerária.

No entanto, após essa liberação inicial, a família afirma que a funerária teria sido comunicada de que um médico e um advogado, encaminhados pela empresa, compareceram ao Instituto Médico Legal e solicitaram que o corpo fosse devolvido para a realização de uma nova análise, o que resultou na suspensão da liberação.

De acordo com as informações de familiares, a Polícia Civil esteve no local do ocorrido e realizou uma verificação preliminar. Durante a apuração inicial, os agentes teriam orientado que o corpo não deveria ter sido removido da cena antes da conclusão dos procedimentos legais.

Familiares relatam falta de esclarecimentos sobre as circunstâncias da morte e questionam a condução dos procedimentos adotados após o óbito, especialmente em relação à retirada do corpo, à liberação inicial e à posterior devolução ao Instituto Médico Legal, que realizou nova perícia, devolveu o corpo de Edio Brito aos familiares, porém sem o laudo que indicará a causa da morte do rapaz.

Polícia Civil

A reportagem do Portal Debate fez contato com o delegado Antônio Mororó, Superintendente de Polícia Civil do Sudeste do Pará, sobre o procedimento inusual realizado pela equipe do IML. O DPC Mororó afirmou que estava analisando os autos do processo interno para entender o problema relato pelos parentes da vítima.

O policial civil disse que detectou dois pedidos de perícia médica para analisar as circunstâncias da morte de Edio Brito e determinou que a 21ª Seccional Urbana realizasse uma fiscalização rigorosa sobre o ocorrido para esclarecer o que de fato provocou o recolhimento do corpo para nova realização de uma nova necropsia.

“Fatos desta natureza precisam ser investigados com todo o rigor da lei para que não pairem dúvidas sobre o trabalho realizado pela Polícia Civil de Marabá”, finalizou. O Superintendente esclareceu que o laudo que indicará a causa da morte da vítima sairá em prazo de 10 dias, podendo demorar um pouco mais.

Âncora Siderúrgica

Nesta manhã de segunda-feira (29), às 9h8, a reportagem entrou em contato com a Âncora Siderúrgica Norte, todavia não recebeu nenhum posicionamento da empresa a respeito das causas da morte de Edio Brito. Segundo os demais trabalhadores, a Siderúrgica Âncora está funcionando normalmente hoje e os demais funcionários não foram informados sobre a morte do colega de trabalho pela gerência da Âncora, que se nega a desligar o forno para consertar o suposto problema do vazamento de gás.

Negligência

Segundo relatos chegados ao Portal Debate, o vazamento de gás seria um problema antigo em um forno. Os trabalhadores já tinham relatado o problema diversas vezes para a gerência da firma, inclusive gravando vários vídeos, todavia nenhuma medida foi tomada para solucionar o suposto vazamento e impedir a morte de algum trabalhador, mas Edio Brito não teve a mesma sorte dos colegas. Ele teria sido encontrado já morto.

O corpo está sendo velado na Travessa Planalto, esquina com a Rua do Arame, no Bairro Novo Planalto, Núcleo Cidade Nova. Revoltado com a morte do filho, o pai da vítima teria pedido demissão da empresa. O caso segue sob apuração da Polícia Civil, que deverá analisar as circunstâncias do acidente de trabalho e os procedimentos realizados após a morte do trabalhador em Marabá. 

(Portal Debate)

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