Copom reforça cautela diante de incertezas econômicas e mantém juros no maior patamar desde 2006
DivulgaçãoO Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, por unanimidade, manter a taxa básica de juros da economia, a Selic, em 15% ao ano. A decisão foi tomada na reunião encerrada nesta terça-feira (10) e já era amplamente esperada pelo mercado financeiro. Esta é a quarta vez consecutiva que os juros permanecem nesse nível, o mais alto registrado em quase duas décadas.
Em comunicado, o Banco Central afirmou que o cenário econômico segue marcado por incertezas, o que exige prudência na condução da política monetária. O colegiado evitou sinalizar quando poderá iniciar um ciclo de redução dos juros, destacando que a estratégia atual é manter a taxa elevada por um período prolongado para garantir a convergência da inflação à meta.
Segundo o Copom, a manutenção dos juros busca assegurar que a inflação permaneça sob controle. “O comitê seguirá vigilante e não hesitará em ajustar a política monetária caso o cenário exija”, destacou o texto oficial.
A Selic está no maior nível desde julho de 2006, quando atingiu 15,25% ao ano. Após alcançar 10,5% em maio do ano passado, a taxa passou a subir a partir de setembro de 2024, chegando aos atuais 15% em junho deste ano.
Inflação e meta contínua
A taxa Selic é o principal instrumento utilizado pelo Banco Central para controlar a inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em novembro, o IPCA registrou alta de 0,18%, o menor resultado para o mês desde 2018. Com isso, a inflação acumulada em 12 meses ficou em 4,46%, dentro do teto da meta contínua.
Desde janeiro, o Brasil adota o modelo de meta contínua de inflação, que estabelece objetivo central de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Nesse sistema, a inflação é avaliada mês a mês, sempre considerando o acumulado dos últimos 12 meses.
No último Relatório de Política Monetária, divulgado em setembro, o Banco Central reduziu a projeção de inflação para 2025 para 4,8%, mas indicou que o número poderá ser revisto diante do comportamento do dólar e dos preços internos. O mercado, por sua vez, projeta inflação ligeiramente menor, de 4,4%, segundo o boletim Focus.
Impactos na economia
Juros elevados ajudam a conter a inflação ao encarecer o crédito e reduzir o consumo, mas também impõem obstáculos ao crescimento econômico. O Banco Central revisou para 2% a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2025. Já o mercado financeiro estima expansão um pouco maior, em torno de 2,25%.
Para iniciar um eventual corte na Selic, o Copom avalia que será necessário ter segurança de que a inflação permanecerá controlada e que não há riscos de novas pressões sobre os preços.


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