Projeto do Governo do Pará de casas ecológicas com tijolo de caroço de açaí é apresentado na COP 30

Iniciativa apresentada na Greenzone integra sustentabilidade, inovação e inclusão social, com 45 moradias sustentáveis construídas em parceria com o Governo Federal Foto: Bruno Cecim / Ag.Pará

O Governo do Pará apresentou nesta quarta-feira (19), na Green Zone da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), em Belém, o projeto “Sua Casa COP30 Sustentável”, que está construindo moradias ecológicas na região das ilhas da capital paraense. A ação é coordenada pela Companhia de Habitação do Pará (Cohab) e tem como diferencial o uso de mais de 150 mil tijolos ecológicos produzidos a partir do caroço de açaí, aliando desenvolvimento social, inovação tecnológica e preservação ambiental.

O projeto viabiliza 45 moradias sustentáveis, parte delas no modelo tradicional de palafitas, típicas da região ribeirinha, e outras com alvenaria ecológica, somando soluções como captação de água da chuva, energia solar, horta vertical e tratamento de resíduos por biodigestores. A iniciativa é resultado de uma parceria entre o Governo do Estado, por meio da Cohab, e o Governo Federal, com execução em conjunto com a Cooperativa Mista da Ilha do Combu (Coopmic/CMP).

“É com essa iniciativa que estamos garantindo que ribeirinhos possam ter moradia digna e integrada ao meio ambiente, com a conservação dos recursos naturais e melhoria da qualidade de vida de quem mais precisa”, afirmou o diretor-presidente da Cohab, Manoel Pioneiro.

Sustentabilidade aplicada à habitação
As casas construídas com o tijolo ecológico de caroço de açaí representam uma alternativa sustentável que reduz impactos ambientais. A tecnologia, criada pelo doutor em Engenharia Civil Marco Oliveira, reaproveita resíduos do açaí, como caroço, fibra e cinzas, sem necessidade de queima, economizando recursos e promovendo conforto térmico e eficiência energética.

De acordo com Sérgio Soares, engenheiro civil da Cohab, o uso do tijolo ecológico reduz em até 30% o tempo de construção e gera economia de até 40% em materiais. “O tijolo ainda oferece isolamento térmico e acústico, capta dióxido de carbono e contribui para evitar problemas ambientais, como alagamentos e assoreamento do solo”, explicou.

A tecnologia também garante economia de até 90% no uso da água, 80% de cimento e 50% de ferro, além de eliminar o uso de madeira, reduzindo a geração de resíduos sólidos na obra.

Inovação com identidade amazônica
Para o diretor especial de Moradia da Cohab, Carlos Amílcar, o projeto representa um marco na construção de habitação social com foco em sustentabilidade na Amazônia.
“Alinhamos o projeto às diretrizes da COP, colocando a sustentabilidade como prioridade, mas sem abrir mão da inclusão social e da valorização da identidade regional”, ressaltou.

Já o projeto arquitetônico das palafitas segue o padrão do programa Minha Casa, Minha Vida, com dois quartos, sala, cozinha e soluções de captação e tratamento de água da chuva, além de energia solar. Essas unidades habitacionais, inéditas no Brasil segundo os organizadores, estão sendo construídas em formato modular com o anexo ecológico viabilizado pelo Governo do Estado.

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“São as primeiras casas em palafita do Minha Casa, Minha Vida que recebem, com o apoio do Governo do Pará, um anexo em tijolo ecológico, com soluções sustentáveis para esgoto, energia e água potável, um desafio histórico na região das ilhas”, destacou Paulo Cohen, da Executiva Nacional dos Movimentos Populares.

Inclusão social e assistência técnica
As famílias contempladas contam com assistência técnica gratuita assegurada pela Lei Federal nº 11.888/2008, com o suporte de arquitetos, engenheiros e assistentes sociais durante todas as etapas do processo de construção e melhorias habitacionais.
Para Adriele Mota, moradora da Ilha do Combu, a entrega da nova moradia representa a realização de um sonho. “Tenho um filho e estou grávida de outro, que já nascerá na casa dele. Estou muito feliz e grata por ter minha casa”, celebrou.

O projeto-piloto está em andamento na região das ilhas de Belém, mas a expectativa é de expansão para outros municípios paraenses, promovendo moradia digna, respeito ao meio ambiente e fortalecimento das comunidades tradicionais como agentes ativos da preservação.

Fonte: Agência 

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