Painel na Zona Verde discutiu produção sustentável e valorização da agricultura familiar na 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, realizada em Belém
O Governo de Portugal manifestou interesse em estreitar ainda mais as relações com o Pará durante painel realizado nesta sexta-feira (21), na Zona Verde da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), em Belém. A discussão reuniu o secretário de Agricultura de Portugal, João Moura, o secretário de Estado de Agricultura Familiar do Pará, Cássio Pereira, e o presidente da Emater-Pará, Joniel Vieira Abreu, com foco na produção sustentável e na preservação do meio ambiente.
Com o tema “Alimentação, Agricultura e equidade em suas raízes”, o painel abordou estratégias para garantir renda, dignidade e permanência das famílias agricultoras no campo, ao mesmo tempo em que reforça a proteção ambiental. João Moura destacou que os impactos das mudanças climáticas têm agravado a ocorrência de incêndios florestais em Portugal, fenômeno que provoca mortes e destruição todos os anos.
“Portugal gasta milhões de euros no combate aos incêndios florestais”, relatou. “Principalmente quando as temperaturas atingem níveis de 30, 40 graus, com umidades abaixo de 30%, às vezes 20%, e com ventos fortíssimos, que parecem furacões, com um calor imenso”, completou o secretário, mencionando ainda o êxodo de jovens para áreas urbanas e o consequente abandono da agricultura no país, que hoje tem no Brasil um parceiro estratégico na aquisição de alimentos.
O secretário Cássio Pereira reforçou que o Governo do Pará, sob orientação do governador Helder Barbalho, mantém compromisso com a preservação e a restauração ambiental, aliado ao fortalecimento da produção sustentável.
“O Pará está numa transição, onde a floresta viva faz parte do repertório da construção e desenvolvimento do Estado, mas que incentiva, também, a produção agropecuária e florestal de forma sustentável”, afirmou. Ele destacou que mais de 300 mil famílias agricultoras, responsáveis por abastecer cerca de 70% da população paraense, vivem e produzem diretamente da floresta.
Comércio crescente e certificação de origem
Portugal já é o quinto país que mais compra produtos paraenses, especialmente da agricultura familiar. Entre os itens mais exportados estão açaí, farinha de tapioca, mel, frutas tropicais e polpas, que seguem rigorosos padrões de qualidade e rastreabilidade, agora reforçados pelo selo da Emater-Pará.
O presidente da Emater, Joniel Abreu, explicou que a certificação é um instrumento de garantia socioambiental. “Ele mostra quem realmente recebe a assistência técnica por parte da empresa responsável dentro do Estado”, afirmou. Segundo ele, o selo identifica se o produto tem base orgânica, se não envolve trabalho análogo ao de escravo ou exploração infantil e se não causa danos ambientais.
Parceria estratégica para acessar a Europa
Para João Moura, a agricultura desempenha papel fundamental no enfrentamento à crise climática, e o Brasil — especialmente o Pará — é parceiro-chave para ampliar a segurança alimentar e a sustentabilidade.
“Hoje, a agricultura tem uma responsabilidade muito significativa na conservação e preservação do meio ambiente. Nós temos essa responsabilidade”, afirmou. Ele acrescentou que “o Brasil é um grande produtor que pode ser parceiro de Portugal e ter em Portugal uma porta de entrada para o resto da Europa”.
“Estamos aqui de portas abertas para aquilo que for necessário”, concluiu.
Fonte: Agência Pará

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