Heróis do Coração' humaniza cirurgia cardíaca infantil no Hospital de Clínicas

Iniciativa pioneira do HC transforma o trajeto até a sala de cirurgia em um momento de acolhimento afetivo para crianças e famíliasDivulgação 

Se para um adulto o hospital pode ser um ambiente que gera receios, imagine para uma criança, especialmente diante de uma cirurgia. Transformar o medo em coragem é o propósito do “Heróis do Coração”, projeto pioneiro entre os hospitais do Estado, idealizado pelo Hospital de Clínicas Gaspar Vianna (HC), referência em cardiologia na Região Norte.

O projeto busca humanizar o atendimento de crianças submetidas a cirurgias cardíacas, tornando o momento da ida ao centro cirúrgico mais leve, afetivo e acolhedor. A partir do projeto, os pequenos pacientes seguem para a cirurgia dirigindo um carrinho elétrico, vestidos com capas e máscaras de super-heróis. No centro cirúrgico, são recebidos por uma equipe multiprofissional, também fantasiada, criando um ambiente de empatia e descontração.

O chefe da cirurgia cardíaca do HC, Maurício Fortuna, ressalta que a iniciativa alia técnica e sensibilidade. “Esse projeto vem para o Hospital de Clínicas num momento extremamente oportuno, em que a estrutura está sendo remodelada e as crianças precisam desse acolhimento. Fazer uma cirurgia cardíaca é sempre um desafio, pois as famílias já chegam com um histórico de sofrimento, aguardando pelo tratamento. Por isso, essa iniciativa é extremamente importante e altamente valiosa nessa jornada”, destaca o cirurgião.

Alegria e leveza
Um dos primeiros participantes do “Heróis do Coração” foi Breno, de 1 ano e 9 meses, natural de Chaves, no Arquipélago do Marajó — a cerca de quatro dias de barco de Belém. Bruno nasceu com uma cardiopatia congênita complexa, que causava insuficiência cardíaca, cansaço, falta de ar e dificuldade para ganhar peso. Após a correção cirúrgica realizada no HC, ele passou pela recuperação marcada por momentos de leveza e cuidados.

O pai de Breno, Ewison da Costa, 37 anos, emocionou-se ao relembrar o dia da cirurgia. “Ele foi rindo, bem tranquilo, entrou lá no centro cirúrgico rindo. Foi ótimo! Antes, a criança era quase arrancada do colo da mãe para ir para a cirurgia. O nosso filho, não. Ele foi rindo no carrinho, entrou rindo. Foi emocionante, todo mundo ficou comovido com o jeito que ele foi. A gente só tem a agradecer por tudo que o hospital fez. O projeto ajudou bastante. Só gratidão, primeiramente a Deus, e depois a vocês, ao hospital em geral, que nos acolheu muito bem”, conta.

Saúde emocional
A psicóloga da Clínica Pediátrica, Paloma Vanetta, explica que o ambiente lúdico tem impacto direto na saúde emocional das crianças e de suas famílias: “Esse projeto que o HC está implantando, com o carrinho elétrico e as fantasias, vai muito além de um simples recurso lúdico. Ele se torna também um instrumento terapêutico. É impressionante ver como isso faz diferença no emocional e no psíquico da criança, da família e até da equipe. Esse momento ajuda a criança a lidar melhor com a ansiedade, a fortalecer vínculos, promover saúde emocional e criar memórias afetivas positivas. É ressignificar o ambiente hospitalar, mostrando que, mesmo num espaço de cuidado e tratamento, ela pôde continuar sendo criança. É fantástico”, enfatiza Paloma Vanetta.

A mãe da menina Débora, 4 anos — que passou por um cateterismo cardíaco para correção de Persistência do Canal Arterial (PCA) —, também relata o impacto positivo do projeto. “Eu confesso que, no começo, fiquei apreensiva, com medo de não dar certo. Mas os psicólogos e enfermeiros começaram a nos tranquilizar. Ver minha filha calma, podendo escolher a fantasia que queria usar, me deixou bem mais confiante. Esse acolhimento fez toda a diferença, tanto para as crianças quanto para as mães, que já vão apreensivas. Esse cuidado trouxe muita calma pra gente”, afirma Brenda Brandão.

A iniciativa foi incorporada de forma permanente à rotina da cirurgia pediátrica cardíaca do HC, reforçando o compromisso do governo do Estado com o cuidado integral, o acolhimento e a inovação em saúde pública no Pará.

Fonte: Agência 

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