Ex-presidente pede controle rígido sobre alimentação na PF e resiste à escolha de um nome para liderar o campo conservador em 2026
FOTO: Jair Messias Bolsonaro/Reprodução
A rotina na carceragem da Polícia Federal, em Brasília, ganhou novos contornos desde que o ex-presidente Jair Bolsonaro passou a manifestar publicamente receio de ser alvo de um atentado dentro da unidade. Segundo pessoas próximas ao ex-chefe do Executivo, ele acredita estar vulnerável e teme que sua alimentação possa ser manipulada enquanto cumpre ordem de prisão preventiva. Em conversas reservadas, teria relatado a familiares que só se sente seguro consumindo refeições enviadas diretamente por alguém de confiança.
O temor está ligado ao histórico do episódio que marcou sua campanha eleitoral em 2018. Bolsonaro continua convencido de que a facada não foi um ato isolado e mantém dúvidas sobre a conclusão das investigações, que apontaram Adélio Bispo como único responsável. Interlocutores afirmam que o ex-presidente sustenta a tese de que há interesses ocultos por trás do ataque e, agora, teme que uma possível tentativa de eliminá-lo possa ocorrer de forma silenciosa, por meio de envenenamento.
Entrega controlada de refeições
Diante das alegações e da pressão da defesa, o ministro Alexandre de Moraes autorizou, na terça-feira (25), que um responsável previamente registrado possa levar alimentação ao detido. A entrega seguirá regras rígidas estabelecidas pela Polícia Federal, com horário definido e conferência de todos os itens antes da liberação. A medida busca garantir segurança sem comprometer o controle interno da carceragem.
A família do ex-presidente tem mantido presença constante no local. Os filhos Flávio e Carlos Bolsonaro, além da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, realizam visitas periódicas e acompanham de perto o tratamento dispensado ao político desde sua detenção.
Pressão por definição política
Enquanto enfrenta o ambiente de tensão na prisão, Bolsonaro continua sendo cobrado por aliados para resolver um impasse que paira sobre o campo conservador: a definição de um nome para liderar a candidatura presidencial de 2026. Mesmo impossibilitado de participar diretamente da disputa, ele evita indicar um sucessor e se mostra reticente a transferir capital político para outra liderança.
Integrantes do Centrão e dirigentes de partidos aliados argumentam que a demora pode prejudicar a organização da campanha. Segundo eles, quem representar o grupo precisará iniciar rapidamente a construção de palanques regionais, negociações para alianças e fortalecimento de imagem — tarefas que demandam tempo e articulação contínua.
Mesmo sob custódia, Bolsonaro segue sendo o principal coordenador político da direita brasileira, e sua decisão, ou a ausência dela, pode redesenhar o xadrez eleitoral dos próximos meses. A indefinição mantém seu grupo dividido e prolonga a disputa interna pelo espaço que ele, até agora, não pretende abrir mão.

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