Anderson Torres é preso pela Polícia Federal após condenação por tentativa de golpe de Estado

Torres, que também é ex-delegado da Polícia Federal, cumprirá pena no 19º Batalhão da Polícia Militar do Distrito Federal.

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O ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres, foi preso pela Polícia Federal na tarde desta terça-feira (25), em Brasília. Condenado a 24 anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado, Torres foi localizado no escritório de seu advogado, Eumar Novacki, no Lago Sul, horas depois de agentes da PF terem ido à sua residência, no Jardim Botânico, sem encontrá-lo.

Torres, que também é ex-delegado da Polícia Federal, cumprirá pena no 19º Batalhão da Polícia Militar do Distrito Federal, conhecido como Papudinha.

A prisão ocorre no mesmo dia em que o STF declarou o trânsito em julgado — quando não há mais possibilidade de recurso — para o processo envolvendo Jair Bolsonaro e outros integrantes do chamado “núcleo 1” da trama golpista. Entre eles estão, além de Torres, o ex-diretor da Abin e deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), e os generais Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira, que também tiveram mandados de prisão expedidos. O almirante Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha, já foi preso em Brasília.

Pedido de prisão especial
Na segunda-feira (24/11), a defesa de Torres pediu ao STF que ele pudesse cumprir eventual pena na Superintendência da Polícia Federal ou no Batalhão de Aviação Operacional (Bavop) da PMDF, alegando quadro de depressão desde sua primeira prisão, em 2023. Os advogados afirmaram que ele faz uso contínuo de antidepressivo (venlafaxina) e antipsicótico (olanzapina), o que tornaria “incompatível” sua permanência em unidade prisional comum.

Condenação por tentativa de golpe
A Primeira Turma do STF condenou Anderson Torres por participação direta em ações que tentaram subverter o resultado das eleições de 2022. Segundo o ministro Alexandre de Moraes, Torres usou o cargo para articular operações da Polícia Rodoviária Federal (PRF) que dificultaram o transporte de eleitores, especialmente no segundo turno presidencial.

A atuação do ex-ministro nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 também pesou na decisão. À época secretário de Segurança Pública do DF, ele deixou o Brasil dois dias antes dos ataques, mesmo após alertas de inteligência sobre risco de invasão às sedes dos Três Poderes.

Outro ponto central da condenação foi a minuta do decreto golpista encontrada em sua casa, que previa intervenção indevida na Justiça Eleitoral. O documento foi interpretado pelo STF como evidência clara de planejamento para ruptura institucional.

A prisão de Torres marca mais um capítulo decisivo na responsabilização dos envolvidos na tentativa de golpe que marcou o início de 2023.

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