Dizem que o amor não tem preço. Mentira deslavada. Em Balneário Camboriú, Santa Catarina, um empresário descobriu que o tal “amor verdadeiro” pode custar, muito precisamente, R$ 7 milhões — mais taxas de cartório, IPTU e uma boa dose de humilhação.
Tudo começou como um roteiro de novela da Globo das nove: homem maduro, conta bancária robusta e coração generoso se apaixona perdidamente por uma modelo trinta anos mais jovem, de beleza estonteante e promessas ainda mais luminosas. Juras de amor, planos de casamento, declarações arrebatadoras — tudo embalado pelo som das ondas e pelo tilintar do champanhe.
Convencido de que finalmente tinha encontrado sua “alma gêmea”, o empresário decidiu selar o romance com um mimo: um apartamento de frente para o mar, avaliado em mais de R$ 7 milhões. “É pra garantir o conforto dela se algo me acontecer”, disse, todo coração e ingenuidade.
Pois bem. Algo aconteceu.
Ricardão na parada
Em uma dessas reviravoltas do destino, o homem decidiu voltar mais cedo de uma viagem de negócios — e eis que protagonizou uma cena digna de comédia romântica mexicana, só que sem glamour. Ao abrir a porta do luxuoso ninho de amor, deparou-se com um outro morador: jovem, musculoso, segundo testemunhas “bombadão”. E o choque maior ainda estava por vir.
Ao tentar entender a situação, ouviu da amada palavras que deveriam vir com aviso de trauma permanente: “Nunca gostei de você. O apartamento é meu. Vai embora.”
Fim do amor. Início do boletim de ocorrência.
A modelo, que até então vivia sustentada pela confiança e pela conta bancária do empresário, continua desfrutando da vista para o mar — agora sozinha, mas com escritura em mãos. O caso foi parar no escritório do advogado criminalista Cláudio Gastão da Rosa Filho, que tenta reverter o prejuízo e enquadrar a moça por “estelionato sentimental”, um tipo de golpe que o Superior Tribunal de Justiça já reconhece como real — porque a dor de corno, às vezes, tem recibo e jurisprudência.
“É um tipo de crime que fere o bolso e o coração”, explicou o advogado. “A pessoa é enganada por quem fala de amor enquanto busca vantagem econômica.”
Estelionato e desilusão
Agora, o processo tenta provar que o relacionamento foi pura encenação, com roteiro feito sob medida para arrancar um presente de milhões. E, quem sabe, devolver ao empresário algo além da dignidade perdida — talvez uns trocados.
Enquanto a Justiça decide, o milionário amarga o gosto amargo da desilusão e a certeza de que o amor, além de cego, pode ser extremamente caro.
No fim, fica a lição: antes de dar um apartamento de frente para o mar, talvez valha testar se o amor da sua vida é capaz de dividir, pelo menos, o boleto da luz.
Fonte: Portal Ver o fato
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