Tarifaço de Trump atinge em cheio São Paulo e Rio, aponta estudo da UFMG

Estudo da UFMG mostra que São Paulo e Rio de Janeiro serão os mais prejudicados pelas tarifas dos EUA; perdas se concentram na indústria.
Tarifaço de Trump atinge em cheio São Paulo e Rio, aponta estudo da UFMG – Foto: Imagem gerada por inteligência artificial

Política – Um levantamento conduzido por pesquisadores da UFMG revelou que os estados de São Paulo e Rio de Janeiro serão os mais prejudicados pelas tarifas de importação impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O chamado “tarifaço” representa um golpe direto na produção industrial brasileira, com perdas bilionárias estimadas para as duas regiões.

De acordo com a CBN, São Paulo pode registrar um prejuízo superior a R$ 4 bilhões, enquanto o Rio e Minas Gerais devem acumular perdas em torno de R$ 1 bilhão cada. No total, o impacto negativo para a economia brasileira pode ultrapassar US$ 4,9 bilhões (cerca de R$ 28,6 bilhões), afetando principalmente o setor industrial, que responde por mais de 80% da perda total prevista.

Estudo aponta desequilíbrio nas tarifas e alerta para retração global

A análise foi realizada por especialistas do Nemea-Cedeplar-UFMG e liderada pelos pesquisadores Edson Paulo Domingues, João Pedro Revoredo Pereira da Costa e Aline Souza Magalhães. O estudo utilizou simulações econômicas baseadas nas medidas anunciadas entre os dias 7 e 11 de abril, incluindo:

Aumento das tarifas de importação dos EUA sobre produtos da China para 145% e de 10% para outros países, incluindo o Brasil;

Elevação para 25% das tarifas sobre importações de automóveis e aço de qualquer origem;

Tarifas recíprocas da China sobre os EUA, com elevação para 125%.

Segundo os pesquisadores, essas ações devem causar uma queda de 0,25% no PIB global e retração de 2,38% no comércio mundial, representando perdas estimadas em US$ 205 bilhões e US$ 500 bilhões, respectivamente.

Setores industriais e de serviços concentram as perdas

O setor industrial brasileiro será o mais atingido, com retração projetada de US$ 8,8 bilhões (R$ 51 bilhões). O setor de serviços também deve ser impactado, com perdas previstas de US$ 1,6 bilhão (R$ 9,36 bilhões).

“Esse incremento de tarifas afeta diretamente os preços internacionais, tanto em produtos industriais quanto agrícolas”, explica o estudo. A dificuldade de manter a competitividade em um cenário de tarifas elevadas ameaça diretamente a produção nacional.

Agricultura pode sair fortalecida, com destaque para o Mato Grosso

Apesar do cenário negativo para a indústria, o setor agrícola brasileiro pode ser beneficiado com o redesenho da demanda internacional. A agricultura teria um salto de US$ 5,5 bilhões, e estados como Mato Grosso, Goiás, Rio Grande do Sul, Paraná, Maranhão e Piauí devem apresentar saldos positivos na balança comercial.

O Mato Grosso, por exemplo, pode acumular uma vantagem de R$ 5 bilhões, enquanto o Mato Grosso do Sul teria uma alta estimada de R$ 871 milhões, segundo o estudo.

Trump endurece postura e inclui eletrônicos nas tarifas

Apesar de inicialmente isentar eletrônicos da nova taxação, o governo Trump anunciou neste domingo (13) que smartphones, laptops e componentes eletrônicos também serão tarifados. A medida afeta diretamente gigantes como Apple, Dell e Nvidia, que operam com cadeias produtivas integradas à China e à Índia.

A Apple, por sua vez, correu para antecipar a entrega de produtos e transferiu cerca de 600 toneladas de iPhones da Índia para os EUA, em uma tentativa de driblar o novo imposto de 26% sobre eletrônicos vindos da Ásia.

Por: Mayara Leite – Estudante de Jornalismo (5º semestre). Com revisão de Stefane Garcia, diretora de conteúdo.

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