Pais denunciam que filhos eram estuprados e agredidos em escola de Santarém


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No município de Santarém, oeste paraense, duas famílias denunciaram os crimes que estariam acontecendo na Unidade Municipal de Educação Infantil (Umei), localizada no bairro Caranazal.

Segundo a mãe de uma das vítimas, no começo do ano letivo, ela identificou que o filho de apenas 4 anos aparentava ter uma certa aversão à escola. Por achar que se tratava de um comportamento normal do período de adaptação com a rotina escolar, a família não estranhou. Com o passar do tempo, a mãe percebeu outras mudanças no filho e resolveu procurar uma psicóloga da família para buscar uma orientação. O menino demonstrava ter pavor do professor e relatava que ele “era mau”, que o agredia e por isso ele não queria ir para escola.

“Contei para a psicóloga que me orientou a criar um ambiente de confiança com o meu filho para ele me contar o que estava acontecendo. Foi aí que eu tirei um momento com meu filho e simulei que estávamos brincando de escola. No caso os bonecos eram os coleguinhas. Eu seria ele e ele seria o professor e ele iria fazer comigo como o professor fazia na escola. Foi nesse momento que ele me fez revelações”, contou a mãe do menino.

Ainda de acordo com a mãe da criança, durante essa “brincadeira” o menino disse que o professor abaixava a calça e reproduziu os movimentos de um ato de masturbação e também a agredia com força na região do abdome, testículos e nos glúteos.

“Ele abriu a roupinha, colocou o pintinho pra fora e fez gesto de masturbação. Ele falou que o professor fazia xixi nas crianças. Ele falou ‘mãe ele faz xixi nos coleguinhas. Ele faz xixi. Ele fez xixi em mim também’. Eu continuei ouvindo o relato dele onde ele falou que o professor batia muito forte na barriga, nos testículos, batia muito forte no bumbum e era exatamente em lugares que talvez eu não fosse perceber. Foi aí que caiu a ficha de tudo”, contou mãe.

A mãe relatou ainda que após o depoimento do filho, lembrou que as vezes a criança chegava com as roupas molhadas. Em uma certa ocasião ela notou que na cueca do filho havia uma secreção gosmenta e lisa, mas não imaginou que poderia se tratar de sêmen.

Agressões físicas

A avó de uma outra vítima, relatou que a menina, também de 4 anos, está tendo atendimento psicológico após o trauma sofrido por causa do professor. E informou para a avó que sofria agressões físicas nas costas. A criança disse ainda que o professor colocava as crianças de costas para a parede e fazia uma brincadeira chamada “Batatinha 1,2,3”, onde elas eram agredidas. Inclusive, ela foi agredida no abdome.

“A minha neta não relatou se teve contato com os órgãos genitais do professor, mas ela também relatou que ele jogava o suposto ‘xixi’ nas crianças. Ela me disse que ele fazia uma brincadeira de roda, onde um colega beijava o outro na boca até chegar no professor. Ela começou a falar ‘tatibitati’ e dizia ‘vovó, não quero mais ser criança, ser criança é ruim, quero voltar a ser bebê’ e eu conversava com ela e tentava entender essa mudança no comportamento dela”, contou a avó.

Mudanças de comportamento

Uma outra mãe também contou sobre as mudanças de comportamento do filho de 4 anos. O menino começou a falar palavrões e apresentar gestos sexuais, como o da masturbação e simulação de sexo oral com alguns familiares. Além disso, a criança passou a xingar as irmãs e outras meninas que são do convívio familiar. O menino não se alimentava direito, perdeu peso e regrediu no desenvolvimento, chegou inclusive, segundo a mãe, querer voltar a mamar, fazer uso de chupetas e mamadeiras.

Mesmo relato da avó da menina de 4 anos sobre as mudanças no comportamento da criança com a família.

Sala trancada, escura e sem brinquedos

De acordo com as famílias, elas não tinham contato com o espaço onde as crianças ficavam. Elas informaram que uma pessoa da Umei recebia a criança na porta e a conduzia até a sala. Poucas vezes as famílias conversaram presencialmente com o professor.

Após as revelações das crianças, uma reunião com a equipe da Umei foi realizada e só então eles puderam observar o ambiente que as crianças ficavam, que segundo a mãe de um dos meninos, era “pequeno e não havia brinquedos”.

“Há relatos que o professor trancava a sala e ficava no escuro com as crianças. A minha neta relatou isso para mim. Ela contou que o professor deixava elas no escuro e falava que o “bicho ia pegar elas”, disse a avó.

Providências

As famílias procuraram a Polícia Civil para relatar o caso. Um inquérito foi aberto pela Delegacia Especializada de Atendimento à Criança e ao Adolescente (Deaca). As crianças já foram ouvidas por psicólogos e submetidas a exames de corpo de delito.

De acordo com a polícia, aproximadamente 10 crianças das turmas do professor em questão já foram ouvidas. Além delas, devem ser ouvidos servidores da Umei e da Semed.

As famílias levaram o caso ao conhecimento do Conselho Tutelar e Ministério Público do Pará (MPPA). O professor já foi afastado da Umei após as denúncias.

O MPPA informou que a apuração ainda está em fase investigatória pela Policia Civil, e assim que for finalizada, deverá ser distribuída a uma das Promotorias de Justiça criminais de Santarém. A 3ª Promotoria de Justiça acompanha a situação quanto ao Controle Externo, ou, seja, na fiscalização da apuração policial.

A Semed disseatravés de uma nota que tomou conhecimento da situação na última segunda-feira, 2, e que o caso está sendo apurado pela Comissão Permanente de Processo Administrativo Disciplinar. A Semed garantiu que o servidor foi afastado até as apurações do caso.

Fonte: Roma News 

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