Maria do Pará completa 11 anos e contabiliza mais de 30 mil atendimentos somente nos últimos três anos

Centro presta acolhimento e acompanhamento às mulheres em situação de violência doméstica
O Centro de Referência Especializado de Atendimento à Mulher - Maria do Pará completa hoje, 28, 11 anos de atuação prestando acolhimento, acompanhamento psicossocial e orientação jurídica às mulheres em situação de violência doméstica. Ao longo desses anos, os resultados desse trabalho de apoio só avançaram e são comprovados nos números. Somente os quatro primeiros meses de 2022 somados aos de 2021 e 2020, contabilizam 30.721 atendimentos.

Em comemoração a data, foi realizada ontem, 27, uma palestra sobre a atuação da Patrulha Maria da Penha, implantada em março deste ano e que opera junto ao Centro no enfrentamento a violência doméstica. O encontro ocorreu no Centro Maria do Pará, altos do Mercadão 2000.
Palestra tirou dúvidas sobre a atuação da Patrulha

Entre as participantes esteve Carla (nome fictício utilizado para resguardar a identidade da usuária), mulher trans que nos últimos quinze dias vem sendo acompanhada pelo Centro.

“Foi a primeira vez que participei de uma palestra no Maria e fiquei muito encantada com as pautas expostas, com os esclarecimentos que nos foi repassado e me senti acolhida. Obter esse conhecimento é necessário, pois nós, mulheres trans, também passamos por situações muito desagradáveis como a violência dos nossos companheiros e o acompanhamento nada diferencia de uma mulher ‘normal’. Ter essas informações é preciso para sabermos a quem recorrer, quem são os órgãos competentes e quais as medidas cabíveis. A equipe tem toda essa conjuntura de abordagem trazendo ainda uma palavra de conforto e tranqüilidade”, argumentou a usuária.

Profissionais da Semtras, Maria do Pará e policiais estiveram à frente da palestra

A palestra também esclareceu as dúvidas de Laura (nome fictício), acompanhada pelo Centro há um ano, que não sabia da existência da Patrulha Maria da Penha.

“Eu não sabia que existia a Patrulha e hoje, eu obtive essa informação e como ela pode ajudar nós, mulheres que estivemos ou estamos em situação de violência doméstica. Agora já sei que a Patrulha fiscaliza o cumprimento de medidas protetivas e vai até as casas das vítimas verificar a segurança. Gostei muito da palestra e só tenho a dizer para as mulheres que sofrem esse problema que venham participar do Maria, que denunciem e não tenham medo, pois aqui temos acolhimento. Eu tive coragem e hoje sou amparada pelo Maria”, salientou a usuária.
Entenda como atua a Patrulha Maria da Penha

A Patrulha Maria da Penha foi implantada em Santarém em março deste ano na sede da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam). Na ocasião, a Prefeitura de Santarém doou um veículo e um celular para somar nos atendimentos. Antes da implantação, policiais militares de Santarém, Belterra e Mojuí dos Campos foram treinados para ofertar atendimento humanizado às mulheres.
Representantes da rede de enfrentamento na implantação da Patrulha

É de competência da Patrulha realizar visitas periódicas às residências de mulheres em situação de violência doméstica e familiar, a fim de verificar o cumprimento das medidas protetivas de urgência previstas na Lei Maria da Penha, além de ter o objetivo de reprimir eventuais atos de violência.

Centro Maria do Pará em números

O Centro possui uma equipe multiprofissional e realiza uma gama de atendimentos como o individualizado, o multiprofissional, o familiar, o atendimento ao agressor, visita domiciliar e institucional, busca ativa, encaminhamentos, estudos de caso, atividades em grupo, ações urbanas e oficinas profissionalizantes.

Em 2020, foram 3.501 atendimentos. Muitas atividades foram impactadas com o surgimento da pandemia da covid-19, contudo, mesmo com as restrições destacam-se, de forma decrescente, 1.080 ações de Busca Ativa, 981 atividades urbanas, 340 atendimentos especializados de forma presencial, 288 atendimentos multiprofissionais à vítima, 261 atendimentos individualizados de forma remota, e demais dados em menor número

Já em 2021, ano em que a vacina da covid-19 foi descoberta, os números cresceram exponencialmente o que reflete a decisão de mais mulheres terem denunciado, mesmo ainda estando sob as interferências da pandemia. Foram 19.715 atendimentos.

Destacam-se, de forma decrescente, 9.655 atividades em grupo, 3.193 ações urbanas, 1.987 atendimentos especializados remotos, 1.345 cadastros únicos, 1.210 Busca Ativas, 960 atendimentos especializados presenciais, e demais dados em menor número.

Em 2022, somente nos quatro primeiros meses, foram 7.505 atendimentos. Até o presente momento foram calculados, de forma decrescente, 4.693 atividades em grupo, 1.143 ações urbanas, 743 atendimentos especializados remotos, 244 estudos de caso, 208 atendimentos especializados presencial, e demais dados em menor número.

A titular da Semtras, Sandra Santana, comentou sobre os resultados positivos alcançados pelo Maria. “O Centro foi inaugurado em 28 de abril de 2011 e desde então vem atuando em ações de cunho preventivo, promovendo o debate e a reflexão sobre a condição da mulher, identificando as demandas e articulando os atendimentos com a rede de enfrentamento a violência doméstica do município. É um trabalho que avança para prestar acolhimento a essas mulheres.”

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